O ridículo vende

A publicidade muitas vezes beira o ridículo - e na maior parte das outras transpõe seus limites.

"Você quer aparecer? Pendure uma melancia no pescoço!"
A primeira vista este "ditado popular" pode parecer absurdo. Sim, ele é. Mas basta reparar um pouco para perceber que grandes corporações (em todo o mundo) vivem, de fato, pendurando melancias em seus pescoços para aparecerem - e melancias cada vez maiores.

Porque? Talvez apoiadas na (velha) desculpa que "as maneiras 'tradicionais' de fazer publicidade estão se desgastando" - que está sendo mais usada que nunca. Talvez apenas busquem pelo hype - não estão satisfeitas em apenas serem conhecidas pelo consumidor, querem gerar grandes expectativas nele. O fato é que agora a moda é o viral - é a interação com o público, a repercussão própria, a inovação, o rompimento com pré-determinações e blá blá blá...Mas espere aí! Tem horas que as chegam numa dimensão, no mínimo, exagerada...

Exagerada a ponto da T-Mobile contratar uma quantidade imensa de dançarinos "disfarçados" para realizarem uma intervenção em plena Liverpool Street Station sob o slogan Life's for sharing.

Não é difícil entender porque é muito mais interessante para a T-Mobile gastar rios de dinheiro em uma única ação como esta do que dar cinco minutinhos de bônus para seus todos clientes.
Qual seria a sua primeira reação ao ver uma multidão, formada por pessoas aparentemente aleatórias, dançando loucamente? Talvez, antes dos telefones celulares (e suas câmeras fotográficas\filmadoras) fosse simplesmente parar e assistir, mas não vamos ser saudosistas, sua reação ia ser exatamente igual à das pessoas no vídeo: fotografar, filmar e ligar para contar o acontecido à outras pessoas.

Dois míseros minutos de dança e a intervenção não só atraiu todos os transeuntes, mas também chamou atenção de todo o mundo (via mídia tradicional e, principalmente, internet).

No Brasil, iniciativas como esta ainda são muito restritas - ou acanhadas. Mas, ainda assim, existem.
Quando uma empresa não tem absolutamente nada para expor á mídia (ou quer apresentar algo banal de forma não-tão-banal assim), cria-se uma "desculpa" para ser pautada - isso não é novidade, o nome bonito seria "geração de mídia espontânea". A grande mudança é na forma (cada vez mais criativa) que essa inserção na mídia tem sido buscada - apesar de não haver nada tão extravagante quanto no exterior.
Vejam a intervenção da Rexona, para lançar o Rexona Future Ready Protection:

Fez-se, do lançamento de um mísero desodorante, um espetáculo.

Apenas dois vôos (bem rápidos) de jetpack em São Paulo - e algumas pessoas vestidas a lá Daft Punk chamando a atenção dos pedestres - foram o suficiente para atingir de forma muito eficaz o target do produto (que seria o cidadão comum, que sua) e atrair alguns dos maiores canais de comunicação do país.

O ridículo vende. É isso que interessa.

Referências: O ridículo vende, TicTac e T-Mobile. O viral espetáculo e Future Ready Protection. Veja como foi o vôo de jet pack na Paulista.

2 comentários:

12 de abril de 2009 às 22:46 Tê Barretto disse...

Bom, pode até parecer ridículo. Mas a saída da persuasão da publicidade atual é chamar a atenção. Trilhas diferenciadas, linha de humor, ações inusitadas, convergência de mídia, uso de imagens de astros e estrelas do cinema, TV e música, recompensas, enfim... é um vale-tudo para chamar a atenção sobre o produto. Lógico, haverá a curiosidade inicial mas, e a fidelização? Pior ainda: se a ação for tão ridícula ou equivocada a ponto de "desvender" o produto? Ou se a promessa principal não se cumprir? O inusitado pode ser bacana, mas outros fatores têm de ser levados em conta.

17 de abril de 2009 às 12:21 Flora Alves disse...

Pessoal, dêem uma olhada nesse site - www.desencannes.com.br . Ele mostra algumas propagandas que surgiram em processos criativos. Porém, essas propagandas não chegaram a ser veiculadas. É incontestável a necessidade que a publicidade tem de chamar a atenção. Mas, em alguns casos o bom senso ainda prevalece.

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