Temos o poder legislativo, o executivo e o judiciário. Temos o poder da imprensa. Mas temos também o quinto poder, que seria do consumidor. Com engajamento podemos melhorar muita coisa.
Em julho de 2005, Jeff Jarvis, teve uma experiência negativa com seu notebook Dell. Depois de tentativas frustradas de resolver seu problema no suporte da empresa, postou sua fúria em seu blog Buzzmachine.com. Em algumas horas em seu blog surgiram experiências de outros consumidores da empresa também insatisfeitos. Poucos dias depois outros blogs com conteúdos ácidos sobre os mesmos problemas, começarama aparecer
Uma semana depois, ao se fazer uma busca pela palavra Dell no Google, o blog de Jeff aparecia no topo da página de resultados. Foi o suficiente para chamar a atenção de revistas e jornais do porte da PC World, Business Week e The Wall Street Journal. Em agosto do mesmo ano a Dell publicou em seu site uma resposta ao problema. Tarde demais. Um incontrolável círculo vicioso de geração de conteúdo negativo havia sido criado.
Em uma pesquisa feita pelo DataFolha com internautas brasileiros, foi publicado que 53% dos consumidores usam opiniões postadas por outros usuários na internet antes de decidir pela compra de um produto. Cada vez mais, consumidores baseiam suas decisões de compras em opiniões postadas por outros usuários em blogs, fotologs, fóruns, comunidades e sites especializados.
No comércio eletrônico, as resenhas e opiniões dos consumidores vêm sendo cada vez mais exploradas por fabricantes e lojas virtuais. A Amazon utiliza com excelência o conteúdo gerado por seus consumidores. É possível inclusive ordenar os produtos baseando-se nas notas dadas pelas pessoas que os compraram. Outra loja virtual, a Bazuca.com, do Chile, incentiva seus visitantes com créditos em compras, a opinarem sobre produtos. De notebooks a vinhos.
Cada vez mais as empresas se preocupam em acompanhar o que está sendo dito sobre suas marcas, produtos e serviços na internet. Se na época dos nossos avôs, um cliente insatisfeito compartilhava sua experiência negativa com onze pessoas, hoje essa frustração tem ao seu dispor um megafone virtual de alcance ilimitado: a internet.
Através dela é possível dissipar de maneira irreversível sua angústia e revolta com produtos de má qualidade e serviços mal prestados. Irreversível sim, porque blogs, comunidades e fóruns não são como grafites de parede que podem ser apagados da noite para o dia.
O quinto poder é mais do que colocar suas insatisfações como consumidor num amplificador. É o poder de fazer produtos voltarem para as mesas dos projetistas para serem redesenhados. É o poder de fazer as empresas reconhecerem publicamente quando errarem e de enaltecer aquelas que se preocupam realmente em trazer qualidade e inovação para o mercado. O poder de exigir da empresa transparência.
De forma subjetiva, mas em progressão geométrica, esse poder aumenta cada vez mais. Se hoje ele tem influência sobre produtos, serviços e empresas, por que amanhã não teria sobre governos? A última eleição nos Estados Unidos mostrou a força da internet como veículo de discussões e apoio às propostas dos candidatos. Várias ONGs pelo mundo já usam a web para publicar informações de administração pública no combate à corrupção, como a Transparência Brasil.
Se hoje ao chegar em casa depois de um dia de trabalho, ao invés de ligar a televisão você entrar na internet para publicar uma foto engraçada do seu cachorro, um vídeo do seu filho dando os primeiros passos, escrever sobre um prato exótico que comeu no almoço ou simplesmente desabafar sob o trânsito horrível de sua cidade, parabéns! Você faz parte do quinto poder.
1 comentários:
Muito bom e pertinente o post. Vale a pena pensar como os outros meios - ou ambientes - de comunicação que se proprôem a ouvir o consumidor sobreviverão a isso. Convergir basta? Expandir mercado e audiências? É tudo parte da conjuntura evolutiva dos desejos humanos? Quem sabe?
Postar um comentário